Dores! Por que sofremos de tantas dores?

O corpo é desenhado para o movimento, que confere a ele uma variabilidade enorme de possibilidades e competências.

O ser humano é capaz de levantar pesos enormes, fazer movimentos elegantes e graciosos, como dançar um tango, usar as mãos com pequenas ferramentas e objetos delicados, como os dentistas fazem tão bem.

A grande dualidade hoje é, ter o CORPO DESENHADO E PROJETADO PARA O MOVIMENTO MAS SE MOVIMENTAR POUCO!!

Nós humanos, com as conquistas de instrumentos, vestimentas, produção em série, revolução agrícola, tecnológica, pouco a pouco fomos nos distanciando das bases que solidificam as habilidades motoras e cognitivas (o desenvolvimento motor é a base para o desenvolvimento cognitivo). A cada geração isto se torna mais marcante e preocupante.

Se fomos feito para uma coisa e não estamos seguindo o nosso manual, qual será o resultado?

O resultado são processos inflamatórios, dores generalizadas pelo corpo, incapacidades funcionais e patologias que levam vários nomes, como exemplo:

Hérnias de disco, artroses, dor de cabeça, bruxismo, tendinites, esporão de calcâneo, miopia, vista cansada, pé plano, diabetes, pressão alta, hipercolesterolemia, obesidade, depressão, ansiedade, etc.

Todas esses problemas têm uma relação com a falta do movimento (claro que questões emocionais também podem estar envolvidas).

O último século é marcado por grandes avanços tecnológicos que nos permite viver com mais conforto, SENTADO na cadeira gostosa do trabalho, que tem uma variação de ajustes, SENTADO no sofá com o controle remoto na mão, SENTADO no carro com vidros elétricos e ar-condicionado, SENTADO à mesa para as refeições. Aliás, tantas refeições para tão pouco gasto calórico.

Então, se o corpo foi desenvolvido, ao longo de milhões de anos, para o movimento, não seria esta forma atual de viver que propicia tantos problemas de saúde?

O homem conquistou a VERTICALIDADE e ao conquistar essa POSTURA foi possível DESENVOLVER uma série de gestos únicos, que só a espécie humana é capaz de realizar.

Os benefícios de ser BÍPEDE são libertadores, analise quantos tipos de atividades diferentes o ser humano é capaz!

Porém, tanta capacidade e diversidade têm um ônus, o HOMEM deve exercer com frequência, no seu dia a dia, um reforço das suas conquistas motoras, principalmente da sua invejável VERTICALIDADE, caso contrário esse aprendizado é desaprendido, esquecido e deficitário.

É essa situação que, ao longo do tempo, deixa o corpo fragilizado e com a probabilidade de desenvolver uma série de dores, lesões e patologias, que vão cerceando e denegrindo a funcionalidade e autonomia humana.

O Homem, no seu processo de evolução, adquiriu o dom da diversidade gestual, porém, ao se limitar pelo seu estilo de vida e não fazer o uso de si mesmo de forma adequada, tem em contrapartida efeitos muito maléficos a sua saúde.

Abaixo, um texto lúdico e até engraçado, resume um pouco o preço pago a UM CORPO ABANDONADO E UMA VERTICALIDADE MAL EXERCIDA.

No nascimento do primeiro bebê humano, também surge a fada má, que roga pragas sobre os pontos vulneráveis daquele frágil ser.

"Se o seu maior dom é a posse de uma soberba verticalidade, que o seu maior inimigo seja o esquecimento de todas as conquistas que o ajudaram a ficar em pé, levando-o a afundar-se sobre seu próprio peso, achatando-se no solo, desenvolvendo joanetes, varizes, artroses! Ao sentar-se horas a fio para realizar o seu trabalho, que surjam as hemorroidas, as hérnias de disco, a prisão de ventre.

A dilatação do seu abdômen será um dos seus maiores desgostos!

Quando dormir, perderá o comprimento do pescoço, sufocando e despertando por causa da apneia noturna. Ao alimentar-se, correrá constantemente o risco de engasgar pela passagem do alimento no canal errado. Assim, que sejam suas eternas companheiras a sinusite, a tendinite, a flebite etc. etc. etc."

ASSINADO: a Fada Má.

(Texto do livro do Ivaldo Bertazzo.

Corpo Vivo Reeducação do movimento).

Dores, sempre têm seus motivos, quando surgir uma, observe seu estilo de vida, a resposta e a cura são 100% responsabilidade sua. Procure profissionais que te ajudem no seu processo!

Texto por Carla Luchiari

Fisioterapeuta Osteopata